domingo, 12 de fevereiro de 2012

Meu Ponto de Vista - 3 - Cuba e os Diversos Aspectos da Liberdade (Parte IV)


Bem. Eis-me de volta. Seguimos.
...
Na segunda metade da década de 1950, logo após a derrubada do governo democrático de Jacobo Arbenz, na Guatemala, pelo império norte-americano, um grupo de jovens idealistas cubanos de classe média iniciou uma conspiração para a derrubada do ditador de plantão na ilha, que na época chamava-se Fulgêncio Batista.
Mero títere dos EUA (que novidade!), como tantos outros, este, em especial, era particularmente corrupto e sanguinário.
Sob a inspiração e comando de Fidel Castro, então um advogado recém-formado, filho de um grande proprietário de terras, este grupo inicialmente reduzido terminou por liderar uma revolução armada que empolgou e envolveu, de forma avassaladora, até triunfar, no início de 1959, praticamente todos os setores populares daquele País.
O que poucos sabem, nos dias de hoje, é que a Revolução Cubana nada tinha, quando de sua vitória, de comunista ou mesmo socialista. Era um mero e simples movimento nacionalista democrático, cujo único objetivo consistia em livrar o país da corrupção e da tirania, a fim de oferecer ao povo (principalmente aos camponeses, que formavam sua maior parte e eram mantidos quase na mais absoluta miséria) uma vida um pouco mais digna.
Em uma palavra, utilizar os recursos do país em benefício da maioria de sua população, e não apenas para beneficiar uns poucos privilegiados e seus aliados estrangeiros.
Deixe-me contar uma coisa a vocês: sabiam (aposto que não) que o Partido Comunista Cubano da época (sim, ele existia, na clandestinidade, antes da Revolução) não apoiou a guerrilha de Fidel até praticamente os momentos finais? Pelo contrário, condenou-a. Sua direção entendia que naquele momento o melhor caminho para a derrubada de Batista era desarmado. Passava tão somente pelo debate político incessante.
Quando os “barbudos” chegaram ao poder, o único entre eles que tinha alguma noção teórica e – poucas – convicções comunistas era o argentino Ernesto “Che” Guevara.
Mas aos EUA isso pouco importava!
Imaginem se poderiam tolerar qualquer coisa menor do que a subserviência absoluta e total? Nunca!
Ainda mais em Cuba.
Se não suportavam rebeldia em nenhum país latino-americano, como imaginar que os EUA o fariam em relação ao seu “banheiro dos fundos”? Ali o “conserto” seria muito fácil. Era apenas uma questão de esmagar com o polegar, sem grande força.
E olhe que Fidel e sua turma tentaram. Várias vezes. Foram à América, afirmaram que nada tinham contra o Grande Irmão, que seu objetivo não era afrontá-lo, ao contrário, queriam cooperação em benefício de ambos os povos. Disseram que apenas lutavam pela soberania de seu País e pela elevação da qualidade de vida dos cubanos, sem querer prejudicar ninguém.
Adiantou? Nada.
Para os americanos, menos do que eles mandarem na ilha era inaceitável. E foi exatamente isso o que exigiram.
Ora, para os revolucionários cubanos isso era inegociável. Não seria para vocês também?
Para mim, com certeza, seria.
Pois bem. Eles para burros absolutamente não serviam. Pelo contrário, eram rapazes inteligentes e determinados. Sabiam perfeitamente bem o que acontecia com quem era latino-americano e ousava desafiar o gigante do norte.
Trataram, portanto, de se garantir.
               E foi graças a terem feito isso com grande competência que se tornaram o único movimento, em toda a história latino-americana, durante a Guerra Fria, que conseguiu resisitr à intervenção americana. Esta foi tentada, diga-se de passagem, inúmeras vezes e de inúmeras formas, das mais violentas às mais dissimuladas.
Os cubanos buscaram suas garantias em duas frentes. Uma na política externa, outra na interna.
Na primeira, consideraram que o mundo era divido em dois, lembram?
Tinha os EUA do lado de cá e a União Soviética do de lá. Adversários fidagais e inconciliáveis (comunismo X capitalismo), eram chamados “superpotências”. Mandavam e desmandavam em suas áreas de influência. Faziam um equilíbrio armado, chamado de "Guerra Fria", que mantinha o mundo com a respiração suspensa, sempre à beira de uma guerra nuclear.
Eles (os rapazes cubanos, claro) pensaram: “bom, se esse aqui não nos quer e, como sabemos, vai nos aniquilar rapidinho, quem sabe se não conseguimos algum apoio com aquele de lá?”
A verdade, minha gente, é que os Estados Unidos da América do Norte empurraram a Revolução Cubana para os braços abertos e acolhedores da sua arqui-inimiga União Soviética!
Desculpem a expressão meio vulgar, mas como ato de política externa, uma burrice cavalar!
Para os soviéticos, então, foi sopa no mel. Receberam os cubanos gostosamente!
Imagine um aliado incondicional praticamente colado, fazendo cócegas, na bunda do teu adversário!
E se apressaram a proteger o regime cubano. Assim, enfiaram uma ponta-de-lança em território inimigo, com enormes ganhos estratégicos e geopolíticos.
De quebra, ainda havia o ganho ideológico, que não tardou a aparecer.
A aproximação política e econômica com a URSS, que inevitavelmente se seguiu, rapidamente converteu os líderes cubanos às “maravilhas” do regime comunista, fazendo com que a ilha se transformasse em um bastião dele bem no meio do império capitalista.
               Foi aí que o bolo desandou de vez.
Falaremos sobre isso mais adiante.
               A segunda frente de combate para consolidação da Revolução era a interna.

(continua...)

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