quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Meu Ponto de Vista – 3 – Cuba e os Diversos Aspectos da Liberdade (Parte III)

Em primeiro lugar, é preciso uma certa contextualização. Nos anos 50 do século passado, os Estados Unidos da América do Norte, nosso Grande Irmão, tratavam a América Latina como uma espécie de quintal dos fundos de sua casa. Na defesa de seus interesses geopolíticos e econômicos, e contando com a colaboração despudorada das pequenas elites locais, faziam dos países “ao sul do Rio Grande” (como se dizia então) o que bem entendiam, no mais aberto descaramento.
Não lhes fazia a menor diferença se os governos desses países fossem as mais cruéis ditaduras – aliás, preferiam que fosse assim. Na democracia é muito mais difícil manter o controle, dá trabalho, custa mais caro. Com mão-de-ferro é tudo mais fácil. Os EUA impuseram e sustentaram os tiranos mais sanguinários, em praticamente todos os países da região, sob a condição de que estes zelassem e protegessem seus (deles, EUA) interesses.
Deixem-me citar meia-dúzia que me vem à mente sem pensar muito: Stroessner, Pinochet, Batista, Castillo Armas, Duvalier (pai e filho), Médici & cia., Galtieri & cia. Há muitos outros cujos nomes felizmente não me lembro. Nada que não se resolva com cinco minutos de busca na internet.
Da mesma forma o Grande Irmão interveio, direta ou indiretamente, em todo e qualquer desses países (inclusive o Brasil, sabiam?, em 1964) onde surgisse o mais leve indício de indocilidade ante as ordens que de lá emanavam.
Não foram poucas, diga-se, as vezes em que essa intervenção se fez de forma até mesmo militar, armada.
É, para os que são mais novos isso pode parecer um despautério, mas o fato é que aconteceu. E em termos de história está logo ali. Faz pouquíssimo tempo. Sim, meninos, eu mesmo vi.
(Sei, sei, alguns dirão que lá, “do outro lado”, a União Soviética fazia o mesmo. É verdade. Fazia mesmo. Mas isso todos já sabemos há muito tempo, porque foi socado de forma incessante em nossa mente desde que nascemos. E o propósito aqui – lembram? – é restaurar a bilateralidade que nos foi sonegada. Certo? E esse lado, que estou comentando – o outro – sempre ficou meio escondidinho. Né?)
Ok. De volta ao tema.
A equação seria perfeita não fosse por um pequeno e insignificante detalhe: o povo. Quer dizer, a esmagadora maioria do povo dos países submetidos a ela. Este pagava o pato. E caro. Mantido na penúria, muitas vezes na miséria mesmo, ao povo cabia carregar o piano. Suar a camisa, recebendo em troca meras migalhas. E, mais ainda, fazer isso sem abrir o bico.
Bem.
Como já disse, cada vez que alguém, em algum lugar, ousava insurgir-se contra esse arranjo, lá vinha o porrete (exemplos há muitos; os mais notórios são Guatemala, 1954, Brasil, 10 anos depois, e Chile, 1973).
E Cuba.
Essa pequena ilha caribenha, pela grande proximidade com seu próprio território, era tratada pelos EUA como se verdadeiramente lhe pertencesse. Para ele, ali não era nem mesmo seu quintal; assemelhava-se mais a um banheiro da empregada. Cuba, para os americanos, era uma espécie de “América Latrina”.
Não vou aqui entrar em detalhes, porque o que já está muito longo ainda ficaria mais. Qualquer um pode dar uma busca na internet e ver a quantidade e a intensidade das humilhações às quais era submetido aquele povo. Isso sem falar na opressão e exploração, tradicionais em todos os outros.
...
Oh, vida... Vamos longe. Melhor encerrar por hoje. Não perca amanhã mais um pedaço.

(continua...)

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