terça-feira, 20 de março de 2012

Trânsito um pouquinho mais civilizado

            Anos atrás estive em uma cidade do interior de Santa Catarina (não me lembro mais qual) e fiquei impressionado de como todos os carros paravam na faixa de pedestres quando alguém queria atravessar, e ninguém achava ruim. Achei aquilo um tremendo sinal de civilização.
            Depois já vi tal coisa em vários outros cantos do Brasil e do mundo. Lembro, assim de cabeça, de Gramado e Canela, RS, Santiago do Chile, Brasília. No último final de semana estive em Registro, SP., e a mesma coisa.
            Quando me deparei com este fenômeno pela terceira ou quarta vez, fiquei com vergonha da nossa Curitiba. Aqui era um salve-se-quem-puder.
            Então pensei em, quando estou dirigindo um veículo, começar a adotar o hábito. No início, não consegui. Simplesmente não lembrava! Quando o fazia, era tarde demais, e o pedestre já tinha ficado pra trás. Achei várias desculpas. A principal, me lembro bem, foi dizer a mim mesmo que em Curitiba quase não havia faixa de pedestres. Eram todas nos semáforos, e ali não vale, porque ele é que determina quem tem preferência de passagem.
            Balela, claro. Conversa pra boi dormir, e eu enganar a mim mesmo.
            Mas com o tempo, a coisa foi começando a acontecer naturalmente. Hoje, tenho orgulho de dizer que já consigo parar para o pedestre atravessar em cerca de 80% dos casos. E estou melhorando. Vou chegar a 100%, podem apostar. As pessoas é que parecem nem acreditar. Hesitam antes de atravessar (quem pode prever o que vai fazer o maluco que vem na pista ao lado, não é mesmo?), ficam meio bobas. E, sem exceção, agradecem. O que é desnecessário, porque afinal só estão recebendo o que é um direito delas.
            O que quero dizer, entretanto, é outra coisa. É que temos esperança. Em primeiro lugar, não tenho mais recebido buzinadas quando detenho o meu carro para aguardar um pedestre. Esta é uma boa notícia. Em segundo, tenho visto, aqui e ali, outros motoristas adotarem a mesma postura. Sabe como é, uma coisa leva à outra. Um cidadão bem-intencionado vê outro tomando uma atitude correta, que produz boa-vontade no trânsito, e resolve adotá-la. Outro o vê fazendo isso e o imita; e assim por diante. Talvez se crie uma corrente que faça da coisa um hábito generalizado.
            Minha nossa! Será que fui eu que comecei tudo isso?
         
                                        (bom, sonhar não custa nada, não é mesmo?)

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