terça-feira, 27 de março de 2012

Meu Ponto de Vista - 5 - Dilma e o Congresso (Final)


Cada dia mais, o que parece é que D. Dilma vai optar por um dos dois últimos caminhos.
Pense comigo (mas em voz baixa, ok?).
Se fosse para simplesmente ceder à chantagem, ela já não o teria feito?
Vai esperar até quando?
Afinal, a pressão do Congresso já dura bem uns 20 dias ou mais. E tem sido bem dura. Os recados fisiológicos estão sendo dados todos os dias.
O PR (Partido da República, o daquele senador, lembram?) já se diz na oposição, porque não ganhou o Ministério que queria.
Outros tantos arrotam grosso.
E não são só ameaças. Já existem várias represálias concretas.
O nome indicado pela presidente para a agência reguladora dos transportes foi rejeitado pelo Senado; o Governo (e o País, claro!) precisa da aprovação rápida da Lei Geral da Copa, a fim de cumprir os compromissos para organizar o evento, mas não consegue, em virtude de sucessivos adiamentos por motivos fúteis; há uma ameaça velada de aprovar o Código Florestal em versão danosa para toda a população brasileira (e mesmo para o mundo...), só porque é o contrário daquela desejada pelo Governo; as comissões das duas casas estão repetidamente derrotando temas do interesse dele.
A Presidente?
Quieta.
Na minha opinião, ela está é trucando.
Pagando pra ver até onde os caras agüentam.
Lembra da brincadeira do pisca? Ora, você também foi criança, um dia. Sei que vai lembrar. Os dois adversários se desafiam olhando-se nos olhos, e perde quem piscar antes. Lembra agora?
Pois é. Eu acho que é esse o jogo que está sendo jogado.
E a Dilma aposta que o Congresso vai piscar primeiro.
Quer saber o que eu penso (como se tivesse grande importância...)?
Penso que ela está certa.
A imensa maioria dessa gente não tem a menor ideia de como é fazer política expostos a chuvas e trovoadas. Quer dizer, suas carreiras não sobreviveriam quase nada longe das “tetas” do poder, sem a sombra acolhedora e sobretudo protetora do governo.
O fisiológico vive disso mesmo, do fisiologismo. É a única linguagem que pratica em todos os níveis, inclusive no relacionamento com seu eleitorado. Só sabe conservá-lo exibindo sua “influência” e o “bem” que ela supostamente traz ao dia-a-dia das pessoas. Se perdê-la, o que resta?
Então, vamos ficar atentos.
D. Dilma pode estar inaugurando uma nova era na política brasileira, no que diz respeito ao relacionamento do Executivo com o Legislativo.
Não estou afirmando que está, estou apenas conjecturando (esperando? sonhando?) que pode estar.
Talvez ela esteja endurecendo pra valer, sem negociação alguma. Nesse caso, se vencer, obterá a rendição incondicional. Não creio na hipótese. Suas chances de sucesso são muito menores, não só porque é uma empreitada incomparavelmente mais difícil, mas, mais que tudo, porque adversários encurralados, confrontados com a necessidade desse tipo de capitulação, costumam reagir de forma irracional e com grande ferocidade.
Não. Nem a prudência e nem a sabedoria política aconselham essa estratégia.
De forma que, firmes na análise do André Gonçalves, só nos resta o caminho da depuração da base aliada.
Se me fosse dado o dom de adivinhar, apostaria minhas fichas na hipótese de que, neste exato momento, Dilma e sua república de mulheres estão dedicadas em tempo integral a costurar, na discrição dos bastidores, uma estrutura de apoio no Congresso Nacional que, embora mais enxuta, seja um pouco menos fisiológica e mais ideológica. Portanto, mais confiável e menos chantagista.
Nunca fui um grande analista político. Portanto, se eu fosse você, não colocaria dinheiro no meu palpite. Mas que o raciocínio é bem fundamentado, lá isso você tem que reconhecer que é.
E que o palpite, portanto, faz sentido, lá isso faz.
              Quem viver, verá

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