Muito bem.
Nos dois primeiros
capítulos dessa pequena reflexão em voz muito baixa, tentei fazer uma análise
acerca da briga que tomou conta de alguns setores do país, de forma polarizada.
Conforme
vimos, além de ser uma disputa entre militantes contra e a favor do governo (representados,
conforme o lado, por “contra o ‘mensalão’” e “a favor da CPI do Cachoeira” ou
vice-versa), ela envolve uma questão de alta relevância histórica, que é o
papel e os limites (se existem) da imprensa em uma sociedade verdadeiramente
democrática.
Esta última
faceta não ganha repercussão maior porque se trava apenas através de blogs de
menor alcance.
A grande
imprensa, aquela que possui o poder de moldar amplos setores da opinião
pública, no geral criou uma espécie de círculo de silêncio dentro do qual busca
manter a intocabilidade da qual até aqui tem desfrutado.
Repito: toda a
grande imprensa criou uma cortina de aço para blindar a revista Veja e poupá-la
de responder pelas barbaridades escandalosas e escancaradas que fez em conluio
– isso mesmo, conluio! – com o bandido Cachoeira.
(Alô, alô,
navegantes, antes que me rotulem: como em tudo nessa vida, neste caso também
tenho lado: sou a favor de a CPI ir a fundo, porque a maracutaia envolvendo
amplos setores da elite brasileira está absolutamente na cara! Isto não quer
dizer que não sou um ornitorrinco! Não acho o mensalão, a priori, uma “farsa”! E nem o contrário. Sou a favor de que o
STF decida. E logo, com autonomia e isenção. E que fique claro: mesmo
reconhecendo enormes avanços para o Brasil durante o Governo Lula, estou
convicto de que no quesito moralidade ele foi péssimo, com a permissividade
alcançando níveis inéditos; e isso não pode e não deve ser deixado pra lá).
Pois bem.
Ocorre que,
aqui e ali, ela (a grande imprensa) quebra sua estratégia. Então, o círculo (de silêncio) se rompe, e o leviatã
desfere agudas e momentâneas ofensivas para, em seguida, calar-se novamente.
Para conferir
maior força ao ataque, escolhe cuidadosamente seus porta-vozes entre aqueles
jornalistas e intelectuais de maior nomeada.
Quer com isso
passar a impressão de que é a opinião pública quem fala. Uma distorção, claro,
como outras tantas.
O espantoso é
o nome dos que se prestam ao papel. Claro que o engodo prospera em relação às
pessoas que não atentam para esse contexto todo, no qual os comentários se inserem.
Entretanto, para quem analisa com um pouquinho mais de profundidade, ele é de
um óbvio ululante.
Quero falar
sobre dois casos especialmente lamentáveis: Demétrio Magnoli e Dora Kramer.
O primeiro
figura entre os grandes intelectuais do País.
Sociólogo,
geógrafo humano, comentarista consagrado da imprensa escrita e televisiva,
autor de inúmeros livros e artigos, conquistou respeito em alguns círculos do pensamento brasileiro.
Atrevo-me,
porém, daqui da minha humilde insignificância, a vislumbrar nos pés desse
gigante alarmantes indícios de barro.
Tempos atrás
li artigo de sua lavra no qual já dava sinais de pensamento bastante
retrógrado. Para meu espanto, é contrário ao desarmamento. Fiquei chocado
porque, como todos sabem, considero essa uma posição obscurantista, indigna de
alguém com tantas luzes.
Na época, em
artigo que publiquei sobre o tema, fiz velada referência crítica à postura do
mencionado intelectual. E rebati fundamentadamente sua posição.
Pois não é que
agora me vem ele a público para defender, com alucinante parcialidade, a
revista Veja e seu editor chefe Policarpo Junior, no episódio de promiscuidade
explícita com o bicheiro??!!
E o faz da
forma mais rastaquera! Recorre ao velho e manjado estratagema de tentar
desfazer a acusação através da desqualificação do acusador!
Saiu também na
Gazeta do Povo. Eis o link, para quem quiser ler:
Demétrio Magnoli - Os Bons Companheiros
Não vou aqui defender este ou aquele, pessoalmente atacado pelo articulista, até porque não recebi procuração de nenhum deles para isso. O que se discute não é se são - ou foram outrora - bons ou ruins, mas se o que dizem sobre o tema em discussão tem ou não tem fundamento.
Atenho-me, portanto, exclusivamente a isso.
Não vou aqui defender este ou aquele, pessoalmente atacado pelo articulista, até porque não recebi procuração de nenhum deles para isso. O que se discute não é se são - ou foram outrora - bons ou ruins, mas se o que dizem sobre o tema em discussão tem ou não tem fundamento.
Atenho-me, portanto, exclusivamente a isso.
Minha gente:
até as pedras que rolam pelas ruas da Praça dos Três Poderes, em Brasília,
sabem o quanto é indefensável a posição do Sr. Policarpo Jr. e da revista Veja.
Dizer que a relação deles com o bandido Cachoeira era meramente a de
jornalista-fonte e obedecia a um mínimo da ética jornalística significa uma
distorção bárbara. São dois pesos e duas medidas, da forma mais obscena! Por
menos, muito menos, a própria Veja reduziria a mil pedacinhos um político
qualquer que lhe fosse desafeto.
No entanto é
exatamente isso o que faz o Sr. Magnoli! O mesmo que acha que proibir o cidadão
comum de andar armado é restringir-lhe as liberdades individuais!
Na verdade,
minha gente, a máscara do grande intelectual cai quando, no corpo do seu próprio
texto, a alturas tantas, lê-se a expressão “lulo-petismo” (epíteto pejorativo,
ele mesmo muitíssimo rastaquera, criado pela própria Veja para desqualificar a
prática política de seus adversários). Eis o gigante revelando seus pés de
barro. Mostra-se alinhado acriticamente a um dos lados da peleja.
Para um
intelectual, nada pode ser mais letal do que a postura acrítica.
A luta, como
já disse, é cruenta, baixa, hipócrita e suja. Quem está colocado
incondicionalmente em um dos lados acaba por incorporar tais qualificativos.
Uma pena.
No próximo capítulo,
analisaremos a ação parcial e manipuladora da consagrada jornalista Dora
Kramer no recente episódio envolvendo o ex-presidente Lula e o Ministro do STF
Gilmar Mendes.
Aguardem.
(continua...)
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