terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Contextualização de um desabafo futuro

          Vou hoje fazer uma postagem meio chata. Estou com uma enorme confusão de emoções entalada na garganta, e preciso compartilhá-la. Estou feliz de ter criado este blog, de modo que posso contar com um espaço para desabafar, mesmo sendo virtual, e mesmo sabendo que ainda são poucos os que conhecerão o desabafo.

        No entanto, estes poucos não entenderão nada se eu não fizer uma introdução meio que didática, explicando o contexto dentro do qual ocorreram os fatos que me provocaram esse pequeno turbilhão. Então, me perdoem, mas a explicação é necessária. Daí, amanhã, ou mesmo hoje, mais tarde, faço meu desabafo.

          Sou daqueles que aposta na cultura da paz. Sei que é um caminho longo e difícil, mas não vejo outro melhor. Por isso, como muitos já sabem, em São José dos Pinhais nós investimos com muita força nos projetos sociais do Pronasci. "Mulheres da Paz" são mediadoras, selecionadas na própria comunidade, para disseminar uma mensagem pacificadora, semear a esperança, e apontar jovens em situação de risco social necessitados de oportunidade. Estes são encaminhados ao "Protejo", abreviação para "Proteção ao Jovem Cidadão", que lhes oferece uma bolsa auxílio e um percurso sócio formativo de aproximadamente 800 horas, nas quais recebem elementos de cidadania e inclusão capazes de lhes proporcionar oportunidades, inclusive no mercado de trabalho.

       Existem dois pressupostos teóricos para isto. O primeiro é que parte significativa da nossa criminalidade se origina no fato de que um grande número de jovens das comunidades mais carentes, ao perceberem que a exclusão social e econômica lhes fecha todos os caminhos legais para uma vida minimamente digna, se revoltam e optam pelo ilegal.

          O segundo, uma consequência direta do primeiro, é que este mesmo jovem é a vítima preferencial da violência letal que atinge nosso país. Todas as estatísticas mostram que os homicídios atingem, de forma amplamente majoritária, pessoas do sexo masculino, entre 15 e 24 anos, pretos ou pardos, e pobres. Ele é o autor e a vítima. Em geral, se matam entre si.

          Sem contar, claro, os demais delitos que cometem ao longo de suas (em geral curtas) carreiras criminosas, e que, de um modo ou de outro, afetam a todos os setores da sociedade.

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