Dia desses, na
Rádio Band News, o âncora nacional Ricardo Boechat informou que uma viatura
tática da Polícia Militar do Rio de Janeiro, sem ligar giroflex ou sirene,
furou um sinal e atropelou uma motocicleta na qual trafegava um casal. O rapaz
morreu na hora e a mulher sobreviveu. Segundo a notícia, o cadáver foi entregue
pela PM no IML sem roupas e sem a carteira de habilitação. Disseram que ele
vinha “na contramão”. A viúva conta a outra versão. Ainda segundo a rádio, o
incidente foi em maio e até o dia em que o noticiavam, não havia qualquer
procedimento instalado pela PM carioca para averiguar o ocorrido.
Hoje,
05/07/2013, vejo na internet (clique aqui)
que em janeiro ocorreu mais uma chacina em São Paulo. Nela, junto com outras cinco
pessoas, foi assassinado sem motivo aparente um cidadão que, em novembro
passado, filmara a Polícia Militar praticando um crime. Claro que, se for
coincidência, é uma das mais inacreditáveis. Até porque, como você pode ler na
notícia, testemunhas afirmam que os assassinos desceram dos seus veículos
gritando “polícia!”
Outra cena
que tem parentesco com aquelas acima narradas. Muito menos grave, por certo,
mas ainda assim reveladora e sintomática da mesma síndrome. Moro perto do
Jardim Botânico de Curitiba, e lá habitualmente faço caminhadas. No trajeto,
passo em frente à Delegacia de Furtos e Roubos, localizada na Avenida Afonso Camargo.
Neste local, usualmente, inúmeros veículos, provavelmente pertencentes aos
policiais ali lotados, permanecem estacionados em local proibido. Jamais vi
algum ostentando uma notificação de multa. Bem. Hoje pela manhã esse abuso
atingiu sua proporção mais absurda. Sobre a calçada havia carros estacionados, não apenas colados um
ao lado do outro de forma a não permitir a passagem de uma pessoa entre eles,
como ainda ocupando transversalmente toda a extensão da calçada. O pedestre,
desta forma expulso do território a ele destinado, se quisesse prosseguir seu caminho
era obrigado a circular pelo leito da rua. Nem falo do perigo (trata-se de
avenida bastante movimentada), mas do desrespeito. Do descaso. Da indiferença
para com os mais elementares princípios de cidadania e convivência em
sociedade.
Com a certeza
de impunidade e a segurança de estar acima da lei. De não ser sujeito aos
mesmos deveres que os simples mortais.
Episódios
assim ocorrem diariamente. E há muitos anos. Eu mesmo os tenho referido, neste
blog, vez por outra, no contexto de alguma análise. Pode ser coisa simples e corriqueira, como uma
viatura desrespeitando as leis de trânsito mesmo que não esteja em situação de atendimento
de emergência, ou algo mais sério, como os abusos de todo tipo que são
costumeiramente cometidos contra a população (usualmente a mais pobre) durante
as abordagens ou outros procedimentos. Pode tornar-se ainda mais grave, como
nos casos de tortura dentro dos calabouços, ou mesmo de causar perplexidade,
como a espantosa frequência com que “suspeitos” são sumariamente executados, ou
mortos nos famigerados “autos de resistência”, fazendo da polícia brasileira
uma das que mais mata no mundo.
Quem já não
presenciou, ou tomou conhecimento, de algum, ou vários, desses acontecimentos? Arrisco
dizer que muito poucos. Talvez ninguém.
Por efeito de
algum maligno e misterioso sortilégio, verifica-se que um grande número de
policiais brasileiros entende que as leis não se aplicam a eles. Nenhuma delas.
Em virtude disso, consideram desnecessário submeter-se a qualquer dos freios
morais mais comuns. Vai daí que julgam desfrutar de uma situação “privilegiada”,
em virtude da qual passam a agir como se dispusessem de super-poderes.
Até quando?
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